#07 Ao Rés do Corpo: Imagem em Abismo
Data/horário: 04/12/2024 às 14h
Local: Auditório da Pós – IACS UFF – Campus do Gragoatá – Bloco J Gragoatá – Niterói
TECNOLOGIAS VEGETAIS E O ENCANTAMENTO DAS MÁQUINAS [Guto Nóbrega – UFRJ]
Quando a vida orgânica é acoplada a uma máquina como cerne de uma experiência estética, muitos significados precipitam. Um híbrido é uma derivação de ordem sistêmica, um diálogo entre mundos e suas narrativas. Plantas e máquinas pertencem em comum ao domínio do encantamento. Embora máquinas sejam consideradas por Vílem Flusser magias de segunda ordem, estas, ao ativarem com as plantas um campo sensível, potencializam a emergência de um domínio mágico, no qual não apenas fluxos de ordem orgânica e tecnológica se fazem presentes, mas onde a força do reino vegetal e sua cosmogonia pode florescer em significado. Esta é a premissa desta comunicação, que revisita o diálogo entre plantas e máquinas através de processos de criação artística em busca de encantamento.
A FLORESTA TEM OUVIDOS: DO BIOCONTRAPONTO À ESCUTA-IMAGEM DE XAMÃS IANOMAMI [Tato Taborda – UFF]
Os diferentes modos de escuta em ambientes de florestas densas e ainda não degradadas pela ação humana, seja por parte de criaturas de diferentes espécies, inclusive a humana, ou através da percepção sonoro-imagética dos xamãs Ianomami, provocam reflexões sobre uma falência da preponderância da visão ótica como canal cognitivo principal em contextos de maior opacidade visual e transparência acústica. Se no contexto dos ambientes urbanos, a visão se apresenta como fonte primária de orientação e de formulação de certezas, os ambientes florestais ainda preservados em seu audiobioespectro, ao contrário, promovem a emergência da escuta como instrumento de defesa e fonte confiável para receber as notícias do mundo, na diversidade dos seus múltiplos planos de existência.
Guto Nóbrega é Doutor em artes interativas pelo programa The Planetetary Collegium – Universidade de Plymouth – UK (2009). Pós-doutor em Arte e Tecnologia pelo PPGAV/ UnB (2019). É professor associado na Escola de Belas Artes /UFRJ, membro do Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da UFRJ e da UnB e atua como Vice-Decano do Centro de Letras e Artes / UFRJ. Fundou e coordena o NANO – Núcleo de Arte e Novos Organismos. É bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq.
Tato Taborda músico dedicado à experimentação musical e suas interfaces com outros campos de expressão. Mestrado em Música pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (1998) e Doutorado na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (2004) com a tese “Biocontraponto: como aprendemos contraponto com os sapos”. Desde 2012 é professor do Departamento de Arte e da Pós-Graduação em Estudos Contemporâneos das Artes da Universidade Federal Fluminense (UFF). Estreou, em 2010, a ópera A Queda do Céu, por encomenda da Bienal de Munique, com récitas nessa cidade, Viena e São Paulo. Tem obras encomendadas por entidades como Pro-Música Nova Bremem, OSESP, Donaueschinger Musiktage, Bienal de Munique, Podewil Berlin, Teatro Colón de Buenos Aires, Berliner Fespiele, entre outros. Obras gravadas pelos selos Col Legno, Lami, Warsaw Autum, Arca-Ira e ABM-Digital. Lançou em 2008 o CD Tato Taborda e Geralda – Música para Orquestra. Lançou em 2021 o livro Ressonâncias: vibrações por simpatia e frequências de insurgência. Tem experiência na área de Artes, com ênfase em música experimental, atuando nas seguintes áreas: composição, bioacustica, pesquisa e criação de instrumentos musicais não convencionais, interação com artistas das áreas de dança contemporânea, artes visuais, cinema e teatro e curadoria de eventos relacionados à música e arte sonora.
Organizadores: Caroline Alciones de Oliveira Leite e Tato Taborda